Você, provavelmente, acessou essa matéria esperando por um texto que confirmasse a tese sobre o quanto os grandes centros são cinzentos, tanto na questão de urbanismo quanto nos corações dos milhares de moradores. Eu nunca encarei São Paulo por essa visão, e olha que já passei por diversas situações – das mais felizes até as que prefiro não reviver – morando há quase um ano por aqui.
Essa foto aí de cima é uma das minhas favoritas na cidade, tirada a uma semana atrás, em um dos bairros mais conhecidos (ainda que meramente por nome): Avenida Paulista. Ou, como eu chamo carinhosamente de “Times Square brasileira”.
Ai que “poser” essa garota, vivendo uma vida de classe média-alta, bebendo seu café no Starbucks e dizendo que é fácil viver em um grande polo. Tenho um segredinho para revelar: nem sempre vivi bem em São Paulo, e, dependendo do seu padrão de vida, talvez considere que eu ainda não o viva.
“Por que mesmo o título da postagem? Vai lamentar sua vida aqui?”
Posso te dizer, com toda a força que minha última intenção na vida é reclamar. Tenho como lema que o que não é benção é lição de vida. Sou muito grata por cada momento em solo paulista.
Sempre vejo cartazes do tipo “mais amor, por favor” e juro para você que, no meu ponto de vista, São Paulo é a cidade do “mais amor, sem por favor”!
Não sei bem se quem é nascido aqui na metrópole ou quem nunca veio para cá vai me entender. Mas o que eu vejo nas pessoas é o sentimento de compreensão. Uma cidade tão cheia e com a vida tão corrida pode ser solitária as vezes, ironicamente, são milhares de pessoas vivendo a mesma solidão e é nesse momento que todos se consolidam com as pessoas ao seu redor.
Inúmeras vezes vi gentilezas acontecerem entre pessoas que se nunca se viram antes, e que provavelmente não se verão nunca mais. Desde o respeito em jogar o carro para o lado para que a ambulância possa atravessar um congestionamento quilométrico – sim, isso precisa ser citado porque não vejo esse respeito nas cidades do interior – até a pessoas que se mobilizam e fazem protestos contra causas que talvez nem alterem as rotinas delas, mas que fazem o bem ao próximo.
A frase que mais escuto de quem me ouve falar sobre meu amor pela cidade é que sou louca por me declarar assim, pois é uma cidade de quem vive numa correria acalorada com corações frios.
Sinceramente acredito que os corações realmente gelados estão muito mais ligados as histórias de vida de cada pessoa do que com o CEP de cada uma. O meu amor por São Paulo é quente, bem mais que qualquer cappuccino cobiçado do Starbucks.
Quer mais um segredo para fechar essa postagem bem surpreso? Detesto café e não bebo leite, ou seja, não gosto de praticamente nada que é extremamente requisitado no cardápio do Starbucks.
Fotos clicadas pela Crystal Spinelli, do diários de um piquenique, com a câmera da Maria Ienke, do Novas Alices.