Tento te afastar dos pensamentos, porque do coração parece impossível. Tento não relembrar todos os momentos que me fizeram gostar tanto de você e me trouxeram a esse e vários outros textos que não são sobre nós, mas sobre desejar não te querer.
E quando eu me ocupo com outras ideias e outras pessoas deixando você no lugar reservado as memórias que não devem ser tocadas você aparece. Parece não gostar da ideia de se tornar meu passado e, ainda assim, não desejar ser presente ou futuro.
É só dizer que está com saudade e deseja minha companhia para que, imediatamente, o meu coração esqueça a quanto tempo você deixou de ter tempo na agenda para mim e deseje você sem pensar nas consequências, que aparecem como um aviso luminoso gigantesco imposto pela razão.
Decidi que dessa vez seria diferente, passou da hora de avaliar que a maior consequência em ter esperanças é o fato de – mesmo contra minha vontade – eu sei que é uma mera ilusão e “amanhã isso passa”. Passa mesmo, para você.
Quando você disse ter se afastado porque achou que era o certo a ser feito, pois “mereço alguém melhor” não teve a resposta que esperava, simplesmente concordei. Se até você é capaz de pensar assim, por que eu ainda insisto no oposto? Talvez seja amor, talvez seja birra… Mas por garantia, decidi terminar com tudo ali.
Só dessa vez assumi o que sinto e assumi também que gostar de você não anda me fazendo bem. Foi então que você desejou retirar o que havia dito, dava para sentir a tensão no ar. Tentou pedir desculpas, tentou voltar atrás. Era tarde.
– “Eu torço muito por você, te desejo a maior felicidade de todas. E quero estar por perto para te ver feliz”.
O sonho acabou nesse momento, abri os olhos e pude enxergar que não haverá volta. O “nós” se perdeu na estrada há tanto tempo que não vai encontrar o caminho de volta. Senti que não vai estar por perto e eu não quero que esteja. Prefiro a antiga e doce lembrança do que já foi um dia ao sentimento de dó de qualquer pessoa.
“Alguém me perguntou se eu conhecia você, um milhão de memórias passaram pela minha mente e eu sussurrei: não mais”.
Tati Bernardi