Roubando A Cena E Tendo Muita Fome
Festa junina é aquela coisa né? Correria, pipoca, milho, quadrilha, quentão, correio elegante e paçoca. Quando é em escola então, adiciona-se multidão, flashes, gritos e pipocos de biribinha a todo instante. Tem que lembrar também das roupas bem típicas: vestidos de chita e barba/bigode de lápis de olho.
Esse ano tivemos a festa da escolinha do Gabi, meu sobrinho, afilhado, xodó, ogrinho, vale tudo. Primeira festinha dele, todo o fuzuê citado acima, tirando a barba/bigode de lápis de olho (ele se coçaria muito e borraria tudo) e adicionando um coletinho preto com patches temáticos. De início meu objetivo era comer o máximo possível, uma vez que comida de festa junina parece que fica dez vezes melhor quando estamos na festa mesmo.
Chegamos lá e logo olhei o cardápio com atenção, pensando minuciosamente em tudo que queria e a ordem que queria.
- Kafta
- Cachorro quente
- Quentão
- Pastel
- Milho
- Pipoca
Minha boca salivava e eu só conseguia sonhar com o gosto de cada coisinha, meu deus, que fome. Raciocinei e acabei comendo, de início, uma kafta e um pastel. Já já o Gabi ia dançar como uma pipoquinha (pula pula pipoquinha, pula pula sem parar, pula pula pipoquinha, pra crescer e estourar) e eu não podia perder, afinal de contas, era sua primeira dancinha na frente da multidão de pais e familiares. Era a primeira vez que estávamos ali reunidos para ver aquele neném enfrentar o público. Dois aninhos e as primeiras vezes continuam por anos e anos.
Chamaram a turma dele e foi incrível a forma como todas as crianças resolveram travar em meio ao público. Nem mesmo a companhia das mães as permitiam se soltar e andar até o meio quando chamados. Eu não sabia se ria ou filmava. Era engraçado pensar que os pais e professores realmente esperavam que um projeto de pessoa iria facilmente andar no meio de uma multidão de desconhecidos, cobertos de flashes dos fotógrafos, confusos no meio do som alto (soma aí a música e o blá blá blá), para depois ficarem dançando algo que eles dificilmente decoraram.
Começaram a dançar, ou melhor, a música começou a tocar, porque de dança não teve nada se não um pulinho aqui e ali. A primeira dancinha não rolou, a vergonha do pestinha não deixou.
Ao voltarmos à festa, desisti dos meus sonhos alimentícios ao olhar a fila de cada coisa, briguei comigo por não ter pedido o cachorro quente de início e me conformei com um brigadeiro.
Sem comer.
Sem dançar.
Voltamos para casa e quando começo a cantar pula pula pipoquinha (que fez o favor de se prender à minha cabeça como chiclete em sola de chinelo), o pequeno, como sempre fazendo tudo quando quer, começa a pular, dançar e sorrir. A gente se olha, eu, mãe, irmã, a gente sabe que esse gaiato é teimoso assim como ele sabe que é tão especial que, por fim, achou melhor fazer uma dancinha particular. Criança esperta, faz show pra não dividir o holofote, nem com as outras nem com a minha comida.
Meu deus, que fome.